Ao ver o pai com um galão de gasolina, Amanda meteu-se na frente dele, como fazia sempre que o homem agredia sua mãe.
Na época, a mãe já havia se separado, depois de suportar a violência por muitos anos, mas o pai de Amanda invadiu a casa em que elas moravam.
“Não deu tempo nem mesmo de chegar ao portão. Ele entrou por ali com um galão de gasolina, puxou ela e a todo momento ele dizia ‘você vai morrer’. Foi muito rápido. Eu senti o cheiro da gasolina, eu vi ele com o galão, mas não deu tempo de fazer nada… de pensar. Eu só me meti na frente dele, como eu fazia em todas as brigas”.
Quando começou a pegar fogo, a garota correu para o chuveiro e acredita que foi isso que a salvou, mas sua mãe acabou morrendo no mesmo dia. “Ela estava irreconhecível”, relembra. Os vizinhos tentaram ajuda-la, mas já era tarde demais. O agressor matou-se em seguida.
Depois de ficar semanas internada, em coma induzido, Amanda sobreviveu, mas leva consigo as marcas – físicas e psicológicas – daquele dia. Ela teve 57% do corpo queimado.
“O que mais me incomoda é que, mesmo depois de tudo isso, eu ainda vejo o julgamento de outras pessoas sobre a minha mãe, porque se ela quisesse, ela teria se separado há muito tempo”.
Com apenas 19 anos, essa garota impressiona pela força e pela coragem. Hoje, ela não hesita em contar sua experiência para alertar outras mulheres. A história de Amanda faz parte de uma série de 10 vídeos produzidos pela Rede Globo, que serão disponibilizados através do Facebook. O projeto é uma ação paralela à trama de “O Outro Lado do Paraíso”.
Esse primeiro depoimento foi lançado na última terça-feira (25), junto ao capítulo em que Clara (Bianca Bin) é agredida pela primeira vez por Gael (Sérgio Guizé). Os próximos vídeos também serão liberados à medida em que a personagem passa por novos episódios de violência.
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