“Ainda não consegui beijar minha filha ou sentir o cheirinho dela: com máscara, não é possível. O cheiro de recém-nascido é sempre especial, sinto falta de cheirar a minha filha”. Esse é o lamento de uma mãe que estava infectada com o coronavírus quando deu à luz.
Sara Barrías, de 34 anos, contou sua história à BBC. Segundo a reportagem, ela descobriu que estava com a covid-19 no dia anterior ao nascimento de sua terceira filha, Anna. Desde que a menina nasceu, em um hospital em Milão, na Itália, Sara só conseguiu tocar usando luvas e máscara. O mesmo com o marido dela, Lorenzo Norsa, de 37 anos, pediatra, que está na linha de frente do combate ao novo vírus em Bérgamo.
De acordo com o relato, Sara tinha parto previsto para o dia 29 de março, mas, no dia 5, não se sentiu bem. “Comecei a ficar doente. Eu já estava desconfiada porque meu marido trabalha no hospital de Bergamo”. Cinco dias depois, procurou um hospital, sob a recomendação de sua ginecologista, fez o exame e testou positivo para a covid-19. Sara passou a noite no hospital e, e, na manhã seguinte, foi submetida a uma cesariana.
“Lorenzo e eu já tínhamos dois filhos, mas esta foi a primeira vez que dei à luz sozinha. Foi muito mais difícil”. O marido, aliás, estava trabalhando no combate ao coronavírus em Bérgamo e quase que ficou sem saber no nascimento de Anna. “Eu tentei ligar para o hospital, mas eles não puderam entrar em contato com ele. No final, tive que ligar para o diretor do setor dele e consegui”.
Anna nasceu com 37 semanas de gestação e sem estar contaminada com a covid-19. Desde então, Sara só conseguiu ver a filha durante as primeiras 24 horas “e sempre com máscara e luvas”. Depois, a bebê foi encaminhada para a UTI, por precaução. A mãe não amamentou e a caçula ficou com uma mamadeira.
Enquanto isso, Lorenzo ficou sem ver a esposa e a bebê, ambas isoladas no hospital. “Felizmente, nos dias que antecederam tudo isso, nós já tínhamos mudado nossos outros dois filhos para a casa dos avós, então eles ficaram com eles, sem problemas”, falou Sara.
Um dia antes de sair do hospital, ela conseguiu ver Anna novamente, mas com a obrigatoriedade de usar máscara e luvas. As duas já voltaram para casa, mas Sara permanece em quarentena. “Eu ainda não pude dar um beijinho nela”.
A situação seguirá assim até que os testes tenham resultado negativo. Sara tem programado dois exames para abril e, de acordo com a BBC, é necessário que ambos sejam negativos para que ela seja considerada recuperada e possa, finalmente, ter a proximidade que sonha com a filha.