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Grávida com Covid-19 faz parto de emergência e conhece filha por videochamada: ‘chorei bastante’

O sonho de segurar, amamentar e sentir o cheirinho da primeira filha teve que ser adiado para a analista jurídica Emiliany Alencar, de 32 anos. Diagnosticada com Covid-19 aos sete meses de gestação, ela teve complicações na gravidez por causa da doença e precisou ser submetida a um parto de emergência no Hospital Santa Juliana, no último sábado (25), em Rio Branco.

Três dias após o parto, Emiliany recebeu alta da unidade de saúde nesta terça-feira sob aplausos de médicos, enfermeiros e outros servidores, mas sem a filha no colo. Manuela, como foi batizada a bebê, ainda está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal porque nasceu prematura. O hospital informou que a criança não apresenta sintomas da doença.

“Conheci minha filha por videochamada e fotos feitas por funcionários do hospital. Imaginei que minha filha viesse com todo amor da família por perto, com o quartinho dela pronto. É difícil, chorei bastante quando saí hoje. É uma parte sua que fica para trás, mas, ao mesmo tempo, estou muito grata e preciso me adaptar à nova rotina”, fala, emocionada, a mãe.

Descoberta da doença

A analista jurídica conta que tinha feito o exame para saber se estava com a doença no último dia 20 e se internou logo em seguida, no dia 21, porque ficou com a saúde fragilizada e recebeu orientações médicas de que poderia causar complicações com a bebê.

Ela conta que quando recebeu o resultado positivo para a doença, sentiu seu estado se agravar, teve muita tosse, falta de ar e pressão alta.

Após fazer exames para verificar como a bebê estava, a mãe diz que a equipe médica resolveu marcar uma cesárea para a manhã do dia 25. Preocupada com a filha, Emiliany conseguiu ver a criança de longe assim que ela foi retirada.

“Está isolada na UTI, nasceu com um pouco mais de dois quilos, estou sem amamentar e não sei quando ela vai ter alta. Tive uma melhora no quadro respiratório, fiquei uma semana internada e vou continuar o tratamento em casa, fazendo terapia, exercícios de respiração”, contou.

Vídeos e fotos

(continua após a imagem)

Internadas no mesmo hospital, a mãe disse que o que a mais deixou triste e fragilizada foi o fato de não poder tocar, beijar, amamentar e nem segurar a filha ao nascer. Para tentar minimizar o sofrimento, as equipes passaram a gravar vídeos, tirar fotos e fazer videochamadas para Emiliany e marido conhecerem a filha.

Para tentar diminuir o sofrimento da mãe que não pôde conhecer a filha, a enfermeira e coordenadora da UTI Neonatal do Hospital Santa Juliana, Rayhelle Moura, disse que decidiu com a equipe que iria ajudar mãe e filha a se conhecerem, mesmo que de forma virtual.

“Entrei em contato com eles [pais] e definimos que o contato seria por telefone. Vamos continuar enviando vídeos e fotos para eles”, garantiu a Rayhelle.

A enfermeira explicou que a bebê não fez o exame para saber se nasceu com a doença e que o procedimento só será feito caso a criança apresente algum sintoma. “Está na UTI porque é prematura, não fez exames ainda só se apresentar sintomas”, afirmou.

Agradecimento e ansiedade

Ansiosa para receber a filha em casa, Emiliany disse que vai tomar todo o cuidado, cumprir o tratamento à risca para ficar curada e cuidar de Manuela. Ela deve refazer os exames nesta sexta (1º) para saber se já está recuperada da doença.

“Estou tentando manter o psicológico bem. Vou refazer o exame após os 14 dias para saber se ainda estou com o vírus. Vou ter que todo o cuidado e amamentar de máscara”, garantiu.

Sobre a despedida comovente do hospital, a analista disse que recebeu muito carinho, atenção e amor das equipes da unidade.

“Foi muito emocionante. Não consegui parar de chorar, mostrei minha bíblia, que é minha companheira. Acredito que tudo isso faz parte de um propósito de Deus. É um momento único”, finalizou.

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