A maternidade depois dos 45 anos

Uma em cada quatro brasileiras adia o sonho de ser mãe para priorizar carreira profissional.

O perfil da maternidade está em constante mudança. No Brasil, cerca de 25% das mulheres adiam a maternidade para priorizar a carreira profissional. Com o avanço da medicina, porém, as que optam por engravidar mais tarde agora têm mais.

Para que isso ocorra é ideal que a mulher esteja com a saúde em ordem, como estar dentro do peso ideal e praticar atividade física regularmente. Guilherme Leme, urologista e especialista em reprodução assistida, explica que há alguns anos, ser mãe acima dos 45 anos era pouco provável. “A chance era menor que 2%. Hoje não. Conseguimos ter taxas mais altas, pois usamos ‘truques’, e a fertilização in vitro é um deles”.

Conheça os métodos:

Estimulação ovariana: um dos primeiros passos para quem quer engravidar na casa dos 50 anos é avaliar a reserva ovariana. Se a mulher continua ovulando, é possível – sob recomendação médica, claro – usar medicamentos para estimular o ovário a recrutar mais óvulos, aumentando a chance de ovulação da mulher e, com isso, facilitando a concepção.

Fertilização in vitro com óvulos próprios: quando os especialistas avaliam que a idade dos óvulos apresenta um risco maior para síndrome de Down (quanto maior a quanto maior a idade da mulher e consequentemente, dos óvulos, maior a chance)é possível, então, estimular a ovulação e fazer a aspiração desses óvulos, para que eles sejam fertilizados in vitro. Com isso, os especialistas conseguem fazer uma análise genética nos embriões e escolher aquele que não tem alterações genéticas para implantar no útero materno.

Fertilização in vitro com óvulos doados: quando a mulher tem desejo de ser mãe, mas não ovula mais, a possibilidade é fazer fertilização in vitro com óvulos doados. Nesse caso, a chance de sucesso é bem alta, já que que os óvulos fertilizados são jovens. “Ela passa a ter a mesma chance de engravidar do que uma mulher de 30 anos, por exemplo”, explica Guilherme.

Saúde em dia

Cuidar da saúde é importante, pois assim o corpo estará preparado para gerar uma nova vida. “É preciso fazer uma avaliação médica completa, principalmente cardiológica, para verificar se há caso de hipertensão, entre outras condições que podem gerar problemas no primeiro trimestre de gestação”, avalia o especialista em reprodução humana. Além disso, é preciso estar dentro da faixa de peso ideal, parar de fumar, alimentar-se adequadamente e fazer atividade física. “O útero e o corpo todo ficam mais saudáveis para receber embrião”, diz. Os homens também têm de estar saudáveis, lembra o especialista.

Maternidade tardia traz dedicação

A psicóloga clínica e hipnoterapeuta cognitiva, especialista em transtornos de ansiedade, Vânia Calazans, explica que os benefícios da maternidade tardia são inúmeros, porque a mulher já priorizou a realização profissional e costuma ter uma condição econômica mais estável. “Elas se prepararam emocionalmente para esse momento e entendem que um lho vai chegar para contribuir e acrescentar coisas boas na vida”, diz. E, ao contrário do que muita gente pensa, a maternidade tardia não implica em limitações para cuidar dessa criança, como um cansaço maior “Essa criança vai ocupar um espaço importante e vai ter atenção e colaboração dessa mãe durante seu desenvolvimento”. No entanto, pelas limitações fisiológicas – quanto mais os anos passam, menores são as chances de engravidar naturalmente –, a psicóloga explica que a mulher precisa se preparar para lidar com frustrações no início. “Quando ela não engravida naturalmente, normalmente não é na primeira tentativa de fertilização assistida que a mulher tem sucesso. Com isso, ela passa por períodos de frustração muito grandes, pois nem sempre a gravidez acontece. Quando a gravidez vem, porém, a mulher será uma excelente mãe, pois estará disponível para a crianças”.

Relatos

Madalena Albuquerque – Recife (E) – mãe aos 52 anos

“Casei com 40 anos e sempre tive o sonho de ser mãe. Sou arquiteta e chefe de cozinha. Terminei a segunda faculdade, de Gastronomia, aos 45 anos. Aos 48 anos, o meu relógio biológico explodiu. Busquei orientação médica e perto dos 50 anos z a estimulação ovariana. Engravidei na primeira tentativa, aos 51 anos. Minha gravidez foi assistida com cardiologista e nutricionista. Fiz dieta e tive comportamento disciplinado. Não tive intercorrência nenhuma durante a gestação. Minha lha, Maria Rita, nasceu saudável, de 38 semanas, e hoje tem quatro anos.

Renise Gomes – Santos (SP) – mãe aos 48 anos

“Sou coach e palestrante. Engravidei “Sou coach e palestrante. Engravidei aos 47 anos e aos 48 anos meus filhos gêmeos nasceram. Dois meses depois z 49 anos. Quando completaram um ano, portanto, eu já tinha 50 anos. A gravidez foi assistida inicialmente pelo especialista que fez a fertilização e pelo meu ginecologista, que fez o parto. Fiz inseminações e depois fertilizações. Em julho de 2007, deu certo e engravidei. Fiz repouso mesmo o médico dizendo que não precisava. Fui cuidadosa com alimentação e z uma dieta certinha. A pressão foi normal durante toda a gravidez. Tive uma pré-eclampsia na noite anterior ao parto, mas o parto foi tranquilo e os bebês nasceram com quase nove meses e com quase três quilos.

Carla Pinheiro – São Paulo (SP) – mãe aos 45 anos

“Sou advogada e tenho 48 anos. Fiquei grávida aos 34 anos do primeiro lho e, depois, aos 44 anos, do segundo. Dante nasceu em maio de 2016 e z 45 anos em setembro do mesmo ano. Ele veio sem planejar. A gravidez foi assistida pelo meu médico, mas de repente o Dante quis nascer. Fiquei internada cinco dias tentando segurar, mas aconteceu de tudo nesses cinco dias… E ele nasceu de 27 semanas com 1,055 quilo e ficou 61 dias na UTI neonatal. Nasceu perfeito, não teve complicações e só ficou internado para ganhar peso”