“Eu tive depressão pós-parto e as pessoas me diziam: ‘Larga de frescura, por que você está chorando?’ “

“Eu tive um parto normal lindo, maravilhoso, mas ninguém me falou que eu precisava me preparar para o pós-parto. Eu tinha uma ideia de maternidade romântica e isso destrói a vida da mulher. Ninguém é perfeito e nem tem que ser, mas só fui descobrir isso depois. Minha primeira decepção foi com a amamentação, pois não tive acesso a informações de qualidade. Meu filho não engordou durante os dois primeiros meses de vida, mesmo eu tendo muito leite. Ele mamava, mas não ganhava peso. Eu me obrigava a continuar tentando dar o peito, porque não queria que ele tomasse fórmula. Fiz de tudo, mas não funcionava, então, eu me sentia muito mal.

Todo mundo começou a dar pitacos, mas ninguém me ajudou a procurar um especialista. Em encontros de família, as pessoas diziam: ‘Larga de frescura, por que você está chorando? Vai fazer uma caminhada que isso passa’ ou ‘Seu leite é fraco, dá logo a mamadeira, seu filho está muito magro’. As pessoas acham que só o jeito delas é o correto e, se alguém faz diferente, está errado. Eu respondia, mas ficava muito triste. (Leia também: “Minha sogra ligou quando meu filho estava na UTI e disse: ‘A culpa é sua pelo bebê estar nesta situação’”)

Minha defesa foi me fechar para as pessoas. Comecei a me distanciar, ficava só em casa, não saía do sofá. Só o meu marido ficou ao meu lado. Ninguém vinha ver se estava tudo bem, se eu precisava de ajuda. Minha mãe trazia comida e saía correndo, porque eu estava muito brava. Acabei dando o leite de lata para o meu filho e ele começou a engordar. Ele mamava e eu comia para compensar a minha ansiedade – engordei 17 quilos após o nascimento dele. Estava com depressão pós-parto e não sabia. Voltei ao mercado de trabalho quando o Ryu tinha 8 meses.

No novo emprego, conheci uma pessoa que percebeu que eu não estava bem e me indicou um profissional. Já na primeira consulta, ele identificou que eu estava com depressão e receitou remédio para melhorar. A medicação ajudou muito, mas hoje não preciso mais dela. Só continuo com a terapia. Tardiamente, descobri que meu bebê não engordava com o peito porque a maneira como ele mamava estava errada. Ele não conseguia extrair o leite de forma eficiente e uma fonoaudióloga possivelmente teria nos ajudado nos primeiros meses. Mas eu não desisti do leite materno e amamento até hoje. O que eu aprendi com tudo isso foi não julgar, porque o que é bom para mim pode não ser bom para outra pessoa.”


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