Rosana Cândido e companheira serão indiciadas por homicídio, tortura, ocultação de cadáver, lesão corporal e fraude processual.
A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu a investigação e indiciou Rosana Auri da Silva Cândido pela morte do filho dela, de 9 anos. A criança foi morta, teve o corpo esquartejado e partes escondidas em uma mala deixada em um bueiro de Samambaia.
A companheira dela, Kacyla Pryscila Santiago Damasceno Pessoa, também teve participação no crime. O casal vai responder por homicídio qualificado, tortura, ocultação de cadáver, lesão corporal gravíssima e fraude processual – porque tentaram limpar o local onde a criança foi morta. Se somadas, as penas podem chegar a 57 anos de prisão para cada uma.
Segundo o delegado-adjunto da 26ª DP, Guilherme Melo, que coordenou o caso, a “forma de execução da criança foi cruel”.
“Rhuan Maycon levou 11 facadas, sendo que duas atingiram o coração”, afirmou. A causa da morte foi comprovada por um laudo do Instituto Médico Legal (IML).
Ainda segundo a polícia, as duas mulheres tiveram participação ativa no crime. “Os golpes de faca foram deferidos pela mãe do menino, e a Kacyla segurou a criança”.
“A morte seria uma vingança. A mãe disse que sentia ódio e nenhum amor pela criança” contou o delegado.
“Rosana disse que era muito vingativa e se comparou, inclusive, com o Deus justiceiro do Velho Testamento [na Bíblia].”
As duas suspeitas estão presas há 11 dias na ala feminina do Complexo Penitenciário da Papuda. Elas estão isoladas, em celas separadas, sem contato com outras detentas.
Com a conclusão da investigação, o inquérito segue agora para o Ministério Público, que pode oferecer ou rejeitar denúncia contra as suspeitas.
Tortura
Ainda segundo a investigação, o menino teve o pênis e os testículos extirpados pela mãe – Rosana – enquanto estava vivo. O motivo alegado por ela, segundo a PCDF, foi “vingança contra o pai e avós da criança”.
A atitude foi comprovada pelo laudo da Polícia Civil. Exames atestaram que o crime de extração do órgão genital do garoto configura “tortura e lesão corporal gravíssima”. A situação teria ocorrido há mais de um ano, quando a família ainda morava em Goiânia (GO).
Na delegacia, Rosana e Kacyla confessaram os crimes à Polícia Civil e contaram que se conheceram em uma igreja.
A mãe do menino assassinado também alegou motivo religioso para cometer o homicídio, de acordo com a polícia. Rosana se autointitulava pastora. No entanto, apenas a companheira dela fez um curso em uma comunidade religiosa.
Durante a investigação do caso, as duas mulheres disseram ainda receber “revelações divinas”, que influenciava a rotina das crianças. Na casa onde moravam, em Samambaia, uma menina de 8 anos – filha de Kacyla – “acordava às 6h todos os dias, tinha que orar e tomar banho. Tudo no afã religioso”, concluiu o delegado.
Até a última atualização, a garota estava em um abrigo, sob proteção do Conselho Tutelar. Após o crime, o pai da criança viajou até o DF para reencontrar a filha, mas não teve autorização da Justiça para levá-la.
Fuga do Acre
O delegado Guilherme Melo informou que Rosana e Kacyla são naturais de Rio Branco, no Acre, e fugiram de lá com as crianças – há cinco anos – depois que perderam a guarda dos filhos para os pais.
A família morava em Samambaia, no DF, há dois meses. Os vizinhos disseram que os meninos não frequentavam a escola e não tinham contato com a rua.