Padrasto é suspeito de estuprar e matar enteada com 60 facadas

Laudo aponta que a vítima sofreu múltiplos golpes; Justiça concedeu liberdade provisória para o suspeito de cometer o crime

Um laudo preliminar necroscópico do  Instituto Médico Legal, relatou que a menina Ayshila Vitória dos Santos da Costa, 10, foi esfaqueada aproximadamente 60 vezes, em 13 de maio, dentro da casa da família, no Ipiranga, zona Norte de Ribeirão Preto.

O suspeito do infanticídio, Reginaldo Gomes Gertrudes, 37, padrasto da criança, segue internado, após cirurgia ortopédica, no hospital Santa Casa sob escolta policial.

Segundo o laudo, Ayshila foi golpeada na face, pescoço, tórax e membros superiores.

O laudo descreve que “as lesões em membros superiores são compatíveis com lesões de luta/defesa, e demonstram que houve esforço da vítima em se proteger durante o ataque. A multiplicidade das lesões demonstra que foram produzidas de forma cruel”, conclui.

A vítima foi surpreendida pelo agressor,  conjectura o promotor Marcus Túlio Nicolino, responsável pela acusação.

Marcus Túlio considera que “o laudo faz menção que os primeiros golpes foram dados pelas costas, então ela foi pega de surpresa, não esperava por aqueles golpes. E a quantidade de facadas, o pescoço inclusive foi o ferimento determinante para sua morte. Um crime horrendo”, argumentou o promotor.

O laudo sobre estupro não está concluído, mas Marcus Túlio confirma que Reginaldo Gertrudes também será denunciado por estupro. O promotor esclareceu que detalhes como a menina ter sido encontrada nua e o padrasto, sem cueca, já prenunciam o crime. 

O Ministério Público oferecerá  nesta segunda-feira (3) uma denúncia de homicídio qualificado e estupro contra o suspeito.

A Justiça concedeu liberdade provisória para o padrasto, e não será solto por já ter um mandado de prisão por outro processo, réu na tentativa de homicídio contra um ex-patrão.

Marcus Túlio explicou que “neste inquérito, o juiz entendeu que o prazo de 10 dias para conclusão do inquérito havia sido superado, muito embora o Ministério Público discorde disso, porque o MP ainda estava no prazo para oferecer denúncia. Tanto que impetrei um recurso de distrito e um mandado de segurança contra o Tribunal de Justiça para reverter essa decisão. Um crime gravíssimo, uma pessoa perigosa, não deve ser colocada em liberdade em hipótese nenhuma”, alegou.

Suspeito de matar a criança, padrasto segue internado sob escolta policial e deve ser preso após receber alta, mas por mandado de prisão relacionado a outro processo.

O crime

Ayshila foi encontrada morta em uma casa na Rua Ituaçu, no bairro Ipiranga, zona norte de Ribeirão Preto, no dia 13 de maio, depois que a mãe, a cuidadora de idosos Renata dos Santos da Costa, voltou do trabalho.

Segundo a Polícia Civil, ela tinha marcas de facadas no pescoço e sinais de violência sexual. A irmã mais nova, de 5 anos, estava em um quarto e não sofreu ferimentos.

Principal suspeito do crime, Reginaldo Gomes Gertrudes foi preso cerca de duas horas após o corpo da menina ser achado. Ele estava caído na Avenida Independência e apresentava fraturas pelo corpo. A polícia acredita que ele tenha tentado cometer suicídio.

Ele confessou o crime à Polícia Militar, mas disse não se lembrar de nada à Polícia Civil. Na casa da menina, a perícia apreendeu roupas da menina e a faca usada no crime.

Vizinhos contaram à família que tinham visto o suspeito bebendo e consumindo drogas, em um bar próximo à casa de Renata, no domingo (12). Eles, no entanto, não sabiam que o homem era ex-marido da cuidadora, porque ela havia se mudado para o local com as filhas há cerca de um mês.