Pai pede socorro após filho ter pênis amputado em cirurgia de fimose

Operação que é realizada em 30 minutos, durou cerca de quatro horas e causou uma tragédia.

“O caso é complexo e ainda não sei quanto será o custo. Não temos recursos, mas estamos correndo atrás e esperamos contar com ajuda de um especialista para a recuperação do meu filho”. O apelo foi feito na noite de quarta-feira, em entrevista ao Estado de Minas, pelo estudante de engenharia Alberthy Rocha Amaral Camargos. O filho dele, um menino de 3 anos, teve o pênis amputado durante uma cirurgia de fimose realizada no Hospital Municipal Dr. Carlos Marx, em Malacacheta, no Vale do Rio do Doce

Foi iniciada uma campanha na internet (vaquinha eletrônica) para arrecadar recursos para a cirurgia reparadora na criança. Alberthy, de 24, afirma que o filho foi vítima de erro médico.

O caso é investigado por meio de inquérito policial, presidido pela delegada Mariana Grassi Ceolin, da delegacia de Polícia Civil de Teófilo Otoni, que responde pela comarca de Malachacheta.

O pai explicou que após pedir a enfermeira para trocar o curativo sujo de sangue, não conseguir visualizar o membro.

“Eu deixei o meu filho no hospital e minha mãe ficou de acompanhante. Eu fui para uma reunião de trabalho e quando retornei soube que tinha algo errado. A cirurgia que deveria ter durado uns trinta minutos levou cerca de quatro horas. Quando tirou o primeiro esparadrapo, tinha tipo uma gaze enrolada simulando que o pênis estaria ali no meio. Tudo ensanguentado. Quando levantou a gaze não tinha pênis visível. Fiquei doido, falei que isso não era normal”.

O pais conta que chamou o médico de plantão, porque o médico que tinha operado havia ido embora, e ele falou que não podia avaliar porque não tinha participado da cirurgia.

“Eu pressionei: ‘doutor, posso ficar tranquilo que tá tudo normal, então?’. E ele disse ‘não, eu não falei isso, só digo que não tenho condições de avaliar porque não participei da cirurgia’”, conta.

O pai foi ainda atrás do prefeito e do secretário de saúde do município.

“Eu mostrei a foto do meu filho e perguntei ‘isso é normal?’. Eu vi que ele [secretário de saúde] ficou espantado, mas continuou dizendo que estava tudo bem. Horas depois apareceu o médico que fez a cirurgia e disse que estava normal, disse ‘daqui dez dias vai começar a desinchar e vai dar pra ver o pênis dele’”.

Como a criança continuava a reclamar de dores, no dia seguinte o pai assinou um termo de responsabilidade e transferiu a criança por conta própria para o hospital de Teófilo Otoni.

Na unidade, o menino passou por dois novos procedimentos cirúrgicos para avaliar o estado em que se encontrava e, em seguida, para a reconstrução do coto. O pai conta que o laudo do segundo hospital apontou que houve laceração do prepúcio do menino e diz que somente no futuro poderá saber se o filho poderá recorrer a uma prótese.

A conta da internação no hospital em Teófilo Otoni ficou em quase R$ 10 mil e o pai diz que precisou pegar dinheiro emprestado para pagar, pois não recebeu apoio ou assistência do município no primeiro momento. Disse ainda que somente semanas depois, após o caso ter sido repercutido na mídia, a Prefeitura o ressarciu dos custos da segunda internação, mas que não tem prestado assistência à criança.

O pai informou que, na quinta-feira, vai levar o menino a Teófilo Otoni para exame de corpo de delito, procedimento da investigação

O médico responsável pela cirurgia na criança morreu dois dias após o procedimento, realizado em 16 de setembro. A causa da morte teria sido infarto, segundo Alberthy Rocha. “Mas, queremos que todos os envolvidos sejam responsabilizados. O corporativismo dentro de um hospital não pode sobrepor à vida e à dignidade do ser humano”, cobra o estudante de agronomia.


Em entrevista, nesta semana, a delegada Mariana Grassi declarou que o inquérito para apurar o caso foi aberto a pedido do Ministério Publico Estadual. Ela informou que recolhe documentos e que ainda não iniciou a fase de depoimentos.

Informou, ainda, que vai apurar se a responsabilidade do caso foi do médico que morreu ou se houve o envolvimento de outros profissionais.


Alberthy Rocha relatou que, há aproximadamente um ano, separou da ex-mulher e a criança ficou com ele e com a avó da criança. Ele disse que, por orientação médica, o menino precisou passar por uma cirurgia, agendada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Ele conta que a cirurgia durou quatro horas. E, quando o procedimento terminou, a criança reclamava de muita dor e tontura. Também notou que os lençóis estavam ensanguentados. Foi aí que percebeu que o órgão do garoto tinha sido decepado.


O pai afirma que chegou a questionar o médico responsável pelo procedimento, que não admitiu o erro. “Ele falou que eu tinha assinado um termo, reconhecendo que a cirurgia tinha riscos e que tinha tirado a pele… E que dentro de 10 dias começaria a desinchar e que o pênis (do menino) começaria a ‘aparecer’ e meu filho ficaria bem”, relatou.


Ele informou que, na madrugada seguinte, levou o filho para Teófilo Otoni, onde a criança foi examinada por um pediatra e por um urologista. Na sequência, o menino passou por uma avaliação médica mais detalhada no Hospital Santa Rosália, onde foi constada a amputação do órgão genital.


Alberthy Rocha disse que, ainda em Teofilo Otoni, um médico especialista medicou a criança com um antibiótico para evitar infecção e medicamentos para dor e realizou a reconstrução do coto.

O pai diz que, agora, passado um mês do procedimento e do suposto erro médico, o menino está bem. Mas, além do desejo da apuração do caso, sua luta agora é encontrar um especialista que possa fazer a reconstrução do pênis da criança.


O estudante de agronomia disse que tem uma conhecida, que fez contato com um médico de Salvador (primo dela), que faz a cirurgia do caso indicado. “Mas, estamos procurando outros especialistas, não só em Salvador, como também em Belo Horizonte e São Paulo”, afirmou Alberthy.


Ele também declarou que ainda não sabe que tipo de procedimento será feito – se necessária uma prótese, por exemplo. Por isso, ainda não estimulou meta de valor a ser arrecadado pela “vaquinha eletrônica” na internet.

“Por enquanto, estamos pesquisando e procurando respostas em relação ao custo e ao próprio procedimento”, disse Alberthy. Até as 20h desta quinta-feira, a campanha eletrônica arrecadou em torno de R$ 27 Mil.

Informações: Estado de Minas; G1