Pais relatam sofrimento e desespero ao socorreram os alunos baleados em escola goiana

Aluno atira em colegas dentro de escola em Goiânia

“Brincadeiras” levam à panico e mortes.

Pais de alunos que foram baleados por um colega em uma escola de Goiânia contam que ajudaram a socorrer os próprios filhos. O pai da estudante Marcela Rocha Macedo, de 13 anos, trabalha na escola e viu a filha baleada. Ele conta que chegou a temer pela própria vida. “Ele [adolescente] apontou a arma para mim. Achei que ia morrer”, disse o auxiliar administrativo Mauri Aragão.

O caso aconteceu nesta sexta-feira (20) dentro de uma sala de aula do Colégio Goyases, no Conjunto Riviera. Segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, o adolescente de 14 anos autor dos disparos disse que sofria bullying de um colega e, inspirado em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, decidiu cometer o crime. Ele é filho de policiais militares, pegou a arma da mãe e levou para a unidade educacional. Dois estudantes de 14 anos morreram. Além de Marcela, outros três estudantes ficaram feridos.

“Eu vi aquela confusão toda, vi minha filha ferida e fui socorrer. Quando eu estava subindo, eu encontrei com ele [aluno autor dos disparos]. Ele estava armado, mas acho que a munição tinha acabado”, contou.

O estudante Hyago Marques, de 13 anos, também ficou ferido. O pai dele, Tiago Barbosa Gomes, contou que levou o filho e outra estudante no próprio carro até o hospital. “Eu estava na fábrica, trabalhando e diretora da escola me ligou falando que tinha acontecido um acidente terrível lá. Eu cheguei e vi aquele tumulto policial. Como a ambulância estava demorando, o policial falou para eu trazer o Hyago e a outra amiga dele. A gente colocou no carro e trouxe”, disse.

 

A mãe de Hyago, Andréa Marques, conta que, segundo seu filho, não houve qualquer briga que motivasse os tiros.

“O Hyago disse que não houve briga, discussão, nada, que o menino só começou a atirar do nada. O meu filho ouviu um barulho, achou que fosse uma bombinha, mas quando se virou, viu o garoto pegando a arma da mochila e atirando”, contou.

Vítimas

 

Morreram baleados João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, ambos de 14 anos. Os feridos são:

Hyago Marques – 13 anos: Foi atingido no tórax com menor gravidade e não precisou passar por cirurgia. Ele respira normalmente, está acordado, conversando e internado na enfermaria.

Isadora de Morais – idade não confirmada: Internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hugo. Ela levou um tiro no tórax que perfurou o pulmão, passou por uma cirurgia para drenagem do tórax e está em estado grave, na UTI e respirando com ajuda de aparelhos. Ela ainda corre risco de vida.

Lara Fleury Borges – idade não confirmada: Está internada na enfermaria do Hospital dos Acidentados em estado estável e repirando espontaneamente.

Marcela Rocha Macedo – 13 anos: Ela também foi baleada no tórax, teve o pulmão esquerdo perfurado, passou por cirurgia e está internada na enfermaria. Paciente está consciente e respirando sem aparelhos.

 

Pânico

Uma estudante de 15 anos relatou que, quando ouviu o primeiro disparo, não imaginou que fosse um tiro.

“Pensei que eram balões estourando porque amanhã seria nossa feira de ciências. Depois, ouvimos o barulho novamente e alguém gritou ‘é tiro’. Aí começou o desespero”, contou.

Outra colega, de 13 anos, disse que ficou em pânico. Ela contou que todos saíram correndo da sala.

“Ele saiu dando tiro em todo mundo da sala. Eu segurei na mão da minha amiga e fui até a polícia. Não sabia o que fazer”, disse ela.

Bullying

O delegado responsável pelo caso, Luiz Gonzaga Júnior, disse que o adolescente sofria bullying e, por isso, decidiu atirar contra os colegas.

“Ele disse que vinha sofrendo bullying, ou nas palavras dele, que um colega estava amolando ele. Inspirado em outros casos, segundo ele como os de Columbine e o de Realengo, ele decidiu cometer esse crime. Ele ficou dois meses planejando a ação”, disse.

Um aluno de 15 anos, que estava na sala no momento do tiroteio, também contou que o adolescente era vítima de piadas maldosas.

“Ele sofria bullying, o pessoal chamava ele de fedorento, pois não usa desodorante. No intervalo da aula, ele sacou a arma da mochila e começou a atirar. Ele não escolheu alvo. Aí todo mundo saiu correndo”, relatou o estudante.

Outra colega do 8º ano do Ensino Fundamental contou que o colega já tinha feito ameaças.

“Ele lia livros satânicos, falava que ia matar alguns dos colegas. Um dos garotos que foi morto falava que ele fedia e chegou a levar um desodorante para sala”, contou.

Qual a lição que podemos tirar dessa história??

 

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