Relato de parto: “Dei à luz minha filha no elevador”

A dona de casa Barbara Becker da Silva Santos, 26 anos, sonhava que o nascimento de sua segunda filha, Liz, fosse por parto normal. Mas ela nunca imaginou que teria a bebê em casa. Ou melhor: no elevador do prédio onde mora. Confira o depoimento dela à CRESCER:

“Minha primeira filha, Valentina, de 3 anos, nasceu de parto normal. A bolsa estourou e precisamos induzir. Foi um parto humanizado, mas precisamos de ajuda. A experiência foi boa, ela nasceu da banheira, do jeitinho que eu queria.

Grávida pela segunda vez, me mudei de Florianópolis para São Paulo quando estava com um mês de gestação. Assim que encontrei uma nova equipe médica, conversei com a obstetra sobre meu desejo se ter um parto humanizado e ela me apoiou. Tive uma gestação tranquila e fizpilates desde o começo, como forma de ajudar na preparação para um parto natural.

A Valentina nasceu de 40 semanas exatamente. Com a Liz, achei que seria um pouco antes. Todo mundo me falou que com o segundo filho as coisas seriam mais rápidas… que nada!
Entrei em trabalho de parto com 40 semanas e 3 dias. 

Já estava com contrações de treinamento, mas percebi que nesse dia elas estavam um pouco mais doloridas. Fui fazer uns exames de manhã, para ver se estava tudo bem com a bebê e a médica confirmou que eram só contrações de treinamento ainda. Não precisávamos nos preocupar.

À tarde, por volta das 17h, estava em casa fazendo acupuntura com a minha doula e ela me disse: “Acho que volto hoje ainda”. As contrações começaram a vir a cada 20 minutos. Mesmo assim, não doíam tanto. Eu conversava e me movia normalmente. então, para ajudar a estimular o trabalho de parto, quis me mexer um pouco. Eu e meu marido fomos fazer uma caminhada juntos, até mais ou menos umas 21h da noite. 

As contrações continuavam, mas eu não sentia muita dor. Me dei conta de que não tinha memória de como eram as contrações pra valer, porque no parto da Valentina, tomei analgesia. Por isso não conseguia sentir se o nascimento da Liz estava próximo ou não.

Sei que cheguei ao meu quarto umas 22h da noite e, a partir daí, as contrações começaram a vir de 5 em 5 minutos. Mesmo assim, estava com medo de chamar a doula, a enfermeira e elas me falarem que ainda ia demorar muito. Eu sei que o melhor é ir para o hospital quando a mulher já está com 6 ou 7 centímetros de dilatação e não queria esperar lá.

A doula chegou por volta das 23h. Assim que ela pisou em casa, as contrações se aceleraram e começaram a vir de 3 em 3 minutos. Tive uma três bem fortes e minha bolsa estourou.

O ritmo aumentou, os espasmos começaram a vir de 2 em 2 minutos e mudaram completamente. Antes da bolsa estourar, eu estava ótima. Andava, ia até a cozinha pegar coisinhas para comer, ria, brincava. Depois, começou a doer de verdade.

Ligamos para minha médica e para a enfermeira. As duas perguntaram se já estava nascendo e a doula disse que não, que ia demorar ainda… A enfermeira chegou em casa às 23h30. Quando foi medir minha dilatação, tomou um susto: eu já estava com 9,5 cm! Ela me alertou que a bebê ainda estava alta na barriga, não tinha descido. Mas que se eu fizesse força, ela nasceria ali mesmo.

Precisávamos correr para o hospital. Fui para o meu quarto trocar de roupa para sairmos logo em seguida. Só que lá mesmo tive uma contração fortíssima, que me fez ajoelhar, e meu deu uma vontade enorme de fazer força! Chegando à sala, tive mais uma…

E a terceira, também fortíssima, já foi dentro do elevador! Entramos eu, a fotógrafa, a doula, a enfermeira e o meu marido. Sem querer, a fotógrafa, que estava com uma mochila nas costas, apertou vários botões do elevador de uma vez. Então, em vez de descermos direto para a garagem pegar o carro, paramos em uns 3 ou 4 andares e subimos de novo para o meu andar – é assim que o elevador está programado para funcionar quantos há muitos botões apertados de uma vez.

Quando a porta se abriu, lá estavam minha mãe, meu irmão e minha filhinha. Eles assitiram tudo! Tive duas contrações bem fortes: na primeira saiu a cabeça e na segunda, o resto do corpo. Era 00h01 quando a minha pequena nasceu. Meu marido segurou minha mão de um lado para eu não escorregar, minha doula me pegou do outro e a enfermeira pegou a bebê. A Liz nasceu no meu andar, com todo mundo olhando. Parece que até que ela voltou para lá para nascer!

Pegamos toalhas, enrolamos a ´pequena junto ao meu peito e fomos nos deitar na cama. Enquanto isso, a avisamos a minha médica, que estava me esperando na porta do hospital com a maca, que era tarde demais… Ela veio para a minha casa e fez todos os exames necessários na Liz aqui mesmo.

Como a gente não planejava ter a Liz em casa, não sabíamos como era. Mas achei muito bom podermos ficar na nossa cama, a bebê ficou comigo o tempo todo… Foi muito bom.
Já meu marido… Na hora do nascimento, ele ficou muito calmo, parecia tranquilo, me ajudou o tempo todo. Agora, quando falamos com ele sobre o parto… parece que está meio em choque!”