‘Vou viver até os 100 para criar minha filha’, diz mulher que deu à luz aos 64 anos

Norma fez uma fertilização in vitro com óvulos doados anonimamente e espermatozoides do companheiro, de 50.

Ao todo, pelo tratamento, desembolsou R$ 25 mil e disse que teve sorte porque engravidou na primeira tentativa. “Quinze dias depois do procedimento fiz um teste e deu positivo”, contou entusiasmada.

A advogada mora com a filha em João Monlevade, na Região Central de Minas Gerais, e disse que o sonho foi gestado durante 30 anos e se tornou realidade em abril com a chegada de Ana Letícia, que está bem, apesar das dores de barriga comuns nesta idade.

Pior do que as cólicas, Norma disse que enfrentou preconceito, principalmente por parte de mulheres. “Uma chegou a me perguntar como eu tive coragem de ser mãe aos 64 anos”.

Aninha, como é chamada pela mamãe coruja, está esperta e vem se desenvolvendo bem. Quando nasceu, prematura, aos oito meses de gestação, pesava 1,7kg e media 43cm.

Na última visita ao pediatra, em julho, estava com 4,5kg e 54cm. “Mas, agora, eu acho que ela já está com uns 5kg”, disse a mãe orgulhosa.

Além de mamar no peito, Ana Letícia se alimenta de um leite especial, indicado pelo pediatra. Segundo Norma, ela mama a cada duas horas e não poupa a mãe de acordar na madrugada.

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Durante a entrevista, além de olhar para o repórter a cada pergunta feita, Ana Letícia não dava trégua e exigia a mamadeira. Se Norma se descuidasse, ela ensaiava um chorinho.

Exercícios para manter o pique

Para aguentar o pique da filha, Norma contou que continua a fazer atividades físicas, apesar de ter diminuído o ritmo. Ela caminha diariamente cerca de dois quilômetros com a menina no carrinho e faz 20 minutos de bicicleta ergométrica, em casa.

“Sou muito disposta. “Não tenho empregada, cuido dela [Ana Letícia] e faxino a casa”, falou a mãe ao ser questionada se tem aguentado o ritmo de ser mãe.

Ela garantiu, ainda, que põe a roupa na máquina para lavar e depois passa tudo. “Só não faço comida. A comida eu pego em um restaurante, eles trazem aqui para mim”.

E a advogada tem que se dedicar para cuidar da filha porque não tem babá e o pai da criança, que é engenheiro civil, não mora em Minas Gerais.

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Ele vai a João Monlevade uma vez por mês para ver a filha. Norma disse que eles não são casados. “Ele é meu companheiro”.

Embriões guardados

A mãe falou que ainda tem três embriões guardados na clínica em Belo Horizonte onde ela fez a inseminação artificial, mas que não quer fazer outro tratamento para engravidar.

Norma pretende fazer o batizado da filha quando a criança completar seis meses de idade. Os padrinhos serão uma sobrinha e o marido dela. “Eles são novos porque se acontecer alguma coisa comigo eles cuidam dela para mim”.

Ela comentou que mesmo com a chegada de Ana Letícia continua na fila de adoção e quer um menino de pele parda para ser o irmãozinho da garotinha.

Tratamento

O ginecologista Leonardo Meyer, de Belo Horizonte, foi o especialista em reprodução humana que fez a fertilização in vitro em Norma. No caso dela, em que foi transferido um embrião para o útero, a chance de ela engravidar era de 40%, segundo o médico.

Meyer explicou que a partir de um óvulo doado, o embrião foi congelado e transferido após o útero ser preparado com hormônios. “O preparo foi facilitado porque ela fazia reposição hormonal, o que impediu a atrofia do útero”, disse.

Mas o especialista ressaltou que o mais importante é a mulher ter saúde boa, o que é o caso de Norma. “Há mulheres mais novas que não têm boa saúde e isso é muito mais importante do que a idade”.

Já a obstetra e especialista em gravidez de alto risco Rita de Cássia Lopes Sousa Amaral, que fez o parto, salientou que a advogada tinha boa saúde clínica e ginecológica.

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A médica falou que em junho do ano passado Norma começou o tratamento e, em setembro, já estava grávida. “A gravidez evoluiu sob muitos cuidados. Ela foi preparada com vitaminas, ácido fólico e ficou em repouso”.

Rita contou que Norma teve diabetes gestacional, o que é normal acima dos 40 anos e hipertensão, que foi controlada.

Quando a advogada estava com 33 semanas e cinco dias de gestação, o líquido amniótico diminuiu e a especialista indicou a cesariana. Antes, preparou a criança para chegar ao mundo com os pulmões “amadurecidos”.

Depois que nasceu, Ana Letícia não precisou de ventilação mecânica, somente de oxigênio simples, explicou a obstetra.


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