Não deixe que o medo de ser julgada (e seus conflitos internos) a impeçam de admitir que está com depressão e precisa de ajuda urgente.
Depressão pós-parto é mais do que apenas estar sensível, chorosa e triste por alguns dias após o nascimento do filho (o famoso “Baby Blues”, que afeta até 80% das mulheres). A DPP é uma doença séria que afeta de 10 a 15% das mulheres, de acordo com estatísticas americanas.
Em entrevista ao Dr. Dráuzio Varella, o médico psiquiatra Frederico Demetrio esclarece bem a diferença entre os dois quadros: “A tristeza pós-parto surge dois ou três dias depois de a mulher dar à luz, em cinco dias atinge o máximo e some em dez dias. A depressão instala-se lentamente; só de quatro a seis semanas depois do parto o quadro depressivo torna-se intenso. É uma doença que exige tratamento mais agressivo com medicamentos.” A boa notícia é que o tratamento costuma dar resultados com a maioria das mulheres.
Fatores que podem levar à doença
Há uma série de fatores podem levar a mulher a desenvolver um quadro de depressão depois da chegada do bebê:
- Grandes alterações nos níveis hormonais, inclusive nos níveis de hormônio da Tireoide.
- Cansaço excessivo.
- Insônia.
- Sono interrompido.
- Sentimento de inadequação ou incapacidade para lidar com o bebê.
- Necessidade irrealista de ser uma mãe perfeita.
- Sentir-se sobrecarregada.
- Estresse causado por mudanças no trabalho e na rotina da casa.
- Achar-se menos atraente.
- Falta de tempo livre.
- Falta de apoio familiar e conjugal.
- Crise conjugal.
- Quadros anteriores de depressão.
- Dificuldade financeira.
- Gravidez não planejada ou indesejada, entre outros.
Abaixo estão listados 5 SINAIS de ALERTA para a depressão pós-parto. Se você apresenta esses sintomas por mais de duas semanas, corra em busca de ajuda médica!
1. Tristeza desproporcional
Você sente uma tristeza intensa e duradoura, que pode vir acompanhada de crises de choro.
2. Desânimo e sentimento de incapacidade
Você não tem ânimo para sair de casa – muitas vezes, nem da cama. Não quer se arrumar nem tomar banho. Sua autoestima fica lá embaixo. Sente-se incapaz de realizar as tarefas mais simples, como dar banho no bebê, ir ao mercado e arrumar a casa. Só quer “desligar”.
3. Sono e alimentação desregulados
Você sente vontade de dormir o dia inteiro ou fica rolando na cama porque o sono não vem. Da mesma maneira, pode surgir uma fome incontrolável ou você simplesmente não tem vontade de comer. Essas alterações no sono e no apetite acabam provocando alterações no peso e na sua aparência, o que afetará ainda mais sua autoestima, além da sua saúde.
4. Sentimento de raiva, rejeição e desinteresse pelo bebê – ou preocupação excessiva
Sentir raiva por ele não parar de chorar depois de ter feito tudo para acalmá-lo pode ser, até certo ponto, normal. Mas se a raiva for persistente e você não quer mais a criança por perto, não quer dar de mamar, não suporta mais ouvir seu choro, esse é um sinal preocupante.
Há também o outro lado da moeda. Você pode passar a ter uma preocupação excessiva com a criança, não quer deixá-la sozinha por um instante, pois tem medo de ela morrer. Se isso acabar afetando sua rotina e seu sono, é outro sinal de alerta.
5. Pensamentos suicidas e, em alguns casos, homicidas
Sim, a depressão pós-parto, assim como outros tipos de depressão, faz com que a mulher sinta vontade de sumir, dar cabo da própria vida. Mas, algumas delas desejariam que seu bebê sumisse, como relatou a jornalista Fabiana para a Revista Glamour. “Procurei um psiquiatra, que me perguntou se eu achava minha vida melhor antes da gravidez e se já havia considerado sumir com meu filho, matá-lo mesmo. Respondi que sim pra tudo. O diagnóstico: estava com depressão pós-parto, e aquilo poderia evoluir pra uma psicose. Em poucas palavras: havia chance de eu fazer mal ao meu filho”.
Leia: “Tive depressão pós-parto e tentei matar meu bebê”
6- Preconceito
Ainda há muito preconceito em relação à depressão pós-parto. As pessoas pensam e dizem coisas como: “Como pode ficar desse jeito, parece ingratidão! Ela acabou de ter um filho lindo, com saúde, deveria estar feliz!”. A jornalista citada acima disse que o comentário mais leve que ouviu de seus leitores foi “Você não merece ter útero!”.
Muitas vezes, a própria mãe não quer admitir que está com depressão, talvez por preconceito, talvez por medo de decepcionar as outras pessoas; mas, na maioria das vezes, é atormentada pelo sentimento de culpa. O fato é que o preconceito só piora o problema. Uma mãe nessas condições precisa de compreensão, sobretudo de apoio.
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