Aneurisma cerebral: entenda o que é o diagnóstico recebido por Juliette

A ex-bbb Juliette Freire relatou em entrevista a Pedro Bial como foi o diagnóstico de aneurisma cerebral que recebeu durante um check-up, e que acabou não sendo confirmado após uma intervenção médica em São Paulo.

O aneurisma é uma complicação de saúde que atinge principalmente mulheres por volta dos 50 anos de idade e que fumam. A mesma doença matou a irmã dela, Julienne, que morreu em decorrência de um AVC, causado por um aneurisma cerebral que se rompeu quando ela tinha 17 anos.

A doença é grave pois caso não descoberta logo pode acarretar em sérios riscos para a saúde e qualidade de vida do paciente.

Abaixo, entenda o que é a complicação, seus principais sintomas e quais os tratamentos:

O que é um aneurisma?

Vasos sanguíneos transportam sangue e podem levar a doenças graves quando são interrompidos — Foto: Quimono/CC0 Creative Commons/Pixabay

Vasos sanguíneos transportam sangue e podem levar a doenças graves quando são interrompidos — Foto: Quimono/CC0 Creative Commons/Pixabay

O aneurisma é uma dilatação dos vasos sanguíneos, uma fragilidade na parede da artéria, a via onde circula o sangue do nosso organismo.

Enrico Ghizoni, diretor da Neurocirurgia da UNICAMP, explica que é possível fazer uma analogia com um pneu de uma bicicleta.

“Quando a câmara de um pneu de uma bicicleta está mais frágil, forma-se uma bolha nela. Então aneurisma é mais ou menos parecido com isso porque a parede do organismo é bem mais fina do que a parede do vaso”, explica.

O aneurisma cerebral, por sua vez, acomete as artérias intracranianas, que nutrem o nosso cérebro.

Essa “bolha”, se não descoberta logo, pode se romper a qualquer momento, causando sérias consequências de saúde para o paciente, ou até mesmo a morte (veja abaixo os principais sintomas).

Ghizoni diz que a maioria dos estudos estimam que 2% da população mundial tenha algum aneurisma, mas que somente 0,5% irão apesentar um aneurisma que irá se romper ou sangrar.

Quais são os sintomas?

Em geral, a doença é silenciosa. Caso não haja rompimento, somente exames médicos, como uma ressonância magnética ou uma tomografia, poderão indicar a enfermidade.

“Geralmente são achados acidentais. O paciente vai investigar alguma dor de cabeça, algum problema do tipo e aí a gente identifica esse aneurisma que não rompeu”, relata o neurocirurgião.

Já os que apresentam rompimento trazem os principais sintomas associados:

  • Uma súbita e forte dor de cabeça, que aumenta com o passar do tempo; “Geralmente a pior dor de cabeça da vida desse paciente”, alerta Ghizoni.
  • Problemas na visão – caso o aneurisma cresça perto do nervo da visão;
  • Desmaios, náuseas, vômitos;
  • Dor no pescoço;
  • Rigidez bucal;

Nesses casos, uma angiografia cerebral digital é mais indicada, um procedimento mais invasivo que utiliza cateteres para chegar até os vasos cerebrais.

“O rompimento de um aneurisma é um problema bastante grave porque aumenta a pressão intracraniana. Chamamos de uma catastrófe intracraniana”, diz Enrico Ghizoni.

Sintomas como perda de memória ou alucinações são mais raros, mas Ghizoni explica que isso pode acontecer como uma sequela da doença, não na fase aguda.

“A fase aguda é algo bem dramático, é uma dor de cabeça muito forte, às vezes pode até paralisar um lado do corpo, mas não é o mais comum mais comum”, diz.

Qual é o principal perfil e quais são as causas?

O chefe de Neurocirurgia da Unicamp explica que é importante fazer uma distinção entre aneurisma e hemorragia. Ele diz que hemorragias (a perda súbita de sangue) são causadas geralmente por um aneurisma, e que esse último, por sua vez, tem diversas causas.

Ghizoni diz que os sintomas de um aneurisma ocorrem porque quando a pressão do cérebro aumenta, isso facilita o desenvolvimento e o rompimento de um aneurisma e cita os seguintes grupos que têm mais propensão a terem a doença:

  • Mulheres, por volta dos 50 anos
  • Tabagistas
  • Pessoas com síndromes genéticas
  • Pacientes com hipertensão
  • Pacientes com doenças do colágeno (síndromes de Marfan e de Ehler Danlos)

“O diagnóstico precoce da hemorragia é muito importante porque se o aneurisma sangrar de novo, o risco é maior”? A mortalidade beira a 70%”, diz o médico.

Como é feito o tratamento?

Diagnosticado o aneurisma, o tratamento em geral é cirúrgico, isso depende da idade do paciente, do tamho do aneurisma e do grau de risco que a complicação representa para o paciente.

Enrico Ghizoni cita dois procedimetos mais comuns, a embolização ou a cirurgia aberta.

“Em geral, se você descobriu um aneurisma que não sangrou, você precisa de tratamento. É muito raro que isso não aconteça”, diz o médico.

A embolização coloca uma espécie de mola dentro do aneurisma, o que impeda circulação de sangue para lá e, consequentemente, o seu rompimento.

“O aneurisma que rompeu tem que ser excluído da circulação. Ou através da embolização ou através da cirurgia aberta. E aí cada situação tem uma um tratamento que é melhor. Por exemplo, se for um aneurisma de grau III, que não é muito comum, a cirurgia aberta em geral é melhor”, diz.

Uma vez então que o paciente fez o tratamento do aneurisma e ele foi completamente excluído, essa pessoa poderá ter uma vida normal, explica Ghizoni. Contudo, o especialista ressalta que alguns cuidados devem serem observados depois dessa recuperação.

“Se essa pessoa for tabagista ou hipertensa, ela não pode voltar a ter esses hábitos porque senão daí novos aneurismas podem voltar a se formar”, diz. “O aneurisma é um diagnóstico muito importante grave. Então se você tem uma suspeita de aneurisma, você tem que procurar um médico para o diagnóstico”.