Bebê que nasceu segurando DIU intriga web

Um caso diferente viralizou na internet do mundo afora na segunda-feira. O Hospital Internacional Hai Phong, no Vietnã, divulgou, pelas redes sociais, o curioso caso de um bebê que nasceu segurando o DIU (Dispositivo intrauterino) da mãe. As imagens ganharam a capa de importantes jornais internacionais. Entretanto, as dúvidas em relação ao caso logo tomaram

Alguns internautas duvidaram de tamanho “deboche” do recém-nascido e, entre outras dúvidas, questionaram se os médicos não poderiam ter colocado o dispositivo na mão da criança.grandes proporções.

Segundo informa o jornal britânico Mirror, a mulher de 34 anos já tinha outras duas crianças e usou o método contraceptivo para tentar evitar uma nova gravidez, algo que não teria funcionado. Porém, por mais que a gestação com o DIU já tenha sido algo fora do comum, especialistas apontam que o bebê conseguir alcançar e agarrar o pequeno objeto é mais improvável ainda (mesmo que não impossível). O Correio ouviu dois especialistas para tentar elucidar o mistério.

“A medicina não é uma ciência absoluta, então, a chance, na prática, existe. Mas eu acho que seria quase impossível. É possível, mas dentro uma impossibilidade gigantesca” aponta Evandro Silva, obstetra da Maternidade Brasília.

Segundo José Gomes De Moura Neto, ginecologista do Hospital Anchieta de Brasília, o próprio fato de a gravidez existir com a presença do DIU já é incomum, e que isso só ocorreria diante de circunstâncias especiais: “A gente mede o tamanho do útero para o melhor posicionamento e segurança, mas o que ocorre é que, às vezes, o DIU pode se mover por diversos fatores, logo não pode impedir a fecundação com tanta eficácia ocasionando uma gravidez”.

E sobre o bebê segurar o DIU? O ginecologista também aponta uma probabilidade mínima: “Isso realmente é quase impossível”.

Neto explica que, anatomicamente, o contato entre o bebê e o DIU não é tão simples, e que, para o pequeno conseguir segurar o objeto, algo fora do comum teria de ocorrer: “Esse fato teria ocorrido se o bebê conseguisse romper a membrana amniótica (parte da placenta), algo improvável”. 

Tanto Neto quanto Silva já tiveram experiências com gravidez que ocorreram apesar do uso do DIU, mas o bebê não teve um contato tão próximo com o dispositivo. “Dependendo de onde o DIU se encontra, o risco de tirar (durante a gravidez) é muito perigoso e pode gerar um aborto. Esses riscos têm de ser apontados e conversados com a paciente. Na prática, você segue todas as metodologias de um parto comum, sem mudar a abordagem padrão. Na hora do nascimento, avalia-se a possibilidade de retirada do DIU”, conta o obstetra.

Silva explica ainda que não é certo desistir do DIU por conta de casos excepcionais: “Eu acho que é importante não criticar um método por uma situação dessas. O DIU não deve ser desconsiderado pela paciente como um método, já que tem sua eficácia”.

Neto corrobora o argumento e sugere ainda que os métodos contraceptivos merecem estudo e cuidado na hora da escolha pela mulher: “É fundamental frisar que nenhum método é 100% eficaz. A paciente tem que entender o que é melhor para ela (em relação à variedade de métodos contraceptivos) e essa escolha tem de ser individual e muito bem estudada junto com o profissional de saúde”.