A mãe de três australiana, Sarah Mills, 33 anos, gerou uma grande polêmica nas redes sociais depois de compartilhar postagens nas quais detalhava a difícil realidade de ser mãe de criança com necessidades especiais. Ela, que é de Mid North Coast, Nova Gales do Sul, Austrália, disse que dois de seus três filhos — Hendrix, 10, Monroe, 7 e Morrison, 3 — foram diagnosticados com autismo, enquanto o outro está em fase de testes.
Na postagem, a blogueira escreveu:
“Eu amo meus filhos mais do que qualquer coisa neste mundo. Mas eu odeio autismo com cada centímetro do meu ser. Eu sei que como pais de autistas, devemos amá-los, abraçá-los e celebrá-los. Mas hoje estou me sentindo maltratada. Estou machucada. Estou traumatizada. Eu nunca desejaria essa jornada a ninguém. Estou tão brava com esse rótulo, essa palavra simples que, instantaneamente, significa que eu deveria estar gritando de orgulho. Vivo à mercê de mudanças de humor completamente imprevisíveis e incontroláveis. De uma criança que está ficando mais forte, mais inteligente e mais cruel a cada colapso. Temos essa epidemia crescente com mais e mais crianças diagnosticadas com autismo todos os dias. Em vez de procurar maneiras de refrear ou mudar isso, estamos simplesmente pressionando para abraçar, aceitar e adaptar. A glamourização do autismo faz eu sentir tão inadequada. O estigma em torno dos cuidadores que lutam ou dos pais que temem isso me faz sentir como um fracasso completo. O autismo não é uma peça de quebra-cabeça colorida que precisa ser comemorada. Pode ser um inferno absoluto e me assusta o quão normal está pintada para ser agora.”
Sarah disse também que era importante explicar que, embora ela odeie o autismo, ela não odeia as pessoas que têm a doença: “Eu odeio o autismo, mas isso não significa que odeio pessoas com autismo. Minha filha tem eczema. Eu odeio eczema, isso não significa que eu odeie pessoas que sofrem com isso. Eu odeio o que é preciso dos meus filhos, odeio o estresse adicional sobre todos nós, odeio os olhares em público quando meus filhos sofrem um colapso. Eu odeio o julgamento, odeio pessoas me dizendo que só precisam de um bom tapa. Eu odeio a falta de apoio aos cuidadores e a falta de entendimento. Eu odeio que as pessoas glamourizem essa condição e não se importem com o estresse mental associado a ela”.
Depois do desabafo, a mãe se deparou com emoções contraditórias de seus seguidores. Desde então, o post viralizou e divide opiniões. Enquanto alguns elogiaram Sarah por ser verdadeira e honesta, outros criticaram a mãe por falar negativamente sobre o autismo. Depois de toda a repercussão, Sarah acrescentou que, embora suas postagens tenham gerado polêmica, ela tenha recebido muitas críticas, sentiu que era importante compartilhar seus pensamentos para ajudar outros pais a se sentirem menos sozinhos. “Alguém sempre se sentirá ofendido em qualquer opinião, pensamento ou sentimento que você tenha. O autismo não define meu filho, então, recuso-me a glorificar algo que os perturba e faz com que se sintam diferentes. Os programas de TV destacam a inteligência das pessoas com autismo, mas não vemos os lados sombrios. Não vemos as fezes manchadas por todas as paredes, os buracos nas paredes após as crises, as marcas de mordida deixadas nos braços dos cuidadores, os gritos, o choro e o trabalho extra envolvido. Nem tudo é alto QI e conversas espirituosas. Recebi muitas mensagens de mães e pais me agradecendo por colocar seus pensamentos e sentimentos em palavras. Muitos se sentem sozinhos nesses pensamentos ou sentem a pressão da sociedade de julgá-los se não amam a cada minuto. Os pais precisam ouvir que não há problema em não amar tudo isso. Você pode amar e adorar seu filho precioso mais do que tudo e ainda odeia parte da jornada. Criar uma criança com necessidades especiais, geralmente pode ser uma jornada solitária. Eu só queria que outros pais se sentissem menos sozinhos”, finalizou.