O casal Lana Maria Wigand e Arthur Felipe Wogram, ambos de 27 anos, descobriu a gravidez 19 dias antes de o bebê nascer, em Curitiba. O filho Gabriel veio ao mundo com 47 centímetros e três quilos.
Segundo eles, a gravidez foi totalmente inesperada, já que a Lana não teve nenhum sintoma de gestação. Além disso, ela estava com o ciclo menstrual regular e usava anticoncepcional.
Tudo começou quando ela foi a um gastroenterologista, com problemas de intestino preso. Ele a examinou e receitou um laxante para cólica intestinal. Lana pensou que os quatro quilos que tinha engordado era pelo fato de ter parado de treinar e por não estar cuidando muito bem da alimentação.
Lana resolveu procurar outro médico, dessa vez um ginecologista, isso porque o fluxo dela veio um pouco diferente, e durou apenas dois dias.
No meio do expediente de trabalho, ela saiu em horário de almoço para “resolver rapidinho” essa questão. Mal sabia ela que aquela consulta mudaria para sempre a sua vida.
“Eu não ia à ginecologista há um ano, e como já tive cistos na adolescência, fiquei preocupada. Chegando lá, a médica foi apertando minha barriga e, espantada, falou que eu estava muito, mas muito grávida”, lembrou a mãe.
A cólica na verdade sempre foi o Gabriel se mexendo. A altura uterina dela media 32 centímetros, o que é compatível com oito meses gestação.
Explicação médica
Conforme a médica ginecologista e obstetra Flavia Martins Vieira Bueno, como Lana sempre usou anticoncepcional oral com pausa curta, já costumava ter uma menstruação escassa. Então, o fluxo diminuiu e ela não percebeu a diferença. Foi se alarmar quando reduziu a quase zero nos últimos dois meses.
“Lana é muito magra e sempre fez atividade física, com isso a forte musculatura abdominal fez com que o útero crescesse mas não estufasse pra fora da barriga. O bebê cresceu pressionando os órgãos internos, o que potencializou os sintomas de gases, azia, constipação intestinal. Ela se sentia muito estufada, mas não achava que era um útero gravídico, e sim gases”, explica a médica.
Ainda segundo Flávia, esses casos não são comuns, mas também não são tão raros. Ela diz ainda que sempre existem riscos nessa demora na descoberta, mas que isso muitas vezes é inevitável.
“Como não existe método anticoncepcional 100% seguro, ela engravidou tomando a pílula. Em todos os casos que acompanhei, as pacientes referiam estar passando por um período de estresse intenso e com isso não perceberam as mudanças no corpo”, disse.
A notícia
Chegando em casa, Lana tinha a missão de contar a notícia para o namorado. “Não tinha desconfiança nenhuma, e sai do hospital com a carinha do meu filho impressa no exame. Sai de lá sabendo que seria um menino”, contou ela.
Em casa, ela pediu para ele sentar porque tinha um assunto sério para tratar. Segundo ela, Arthur pensou que viria uma notícia de doença.
“Quando mostrei o exame, ele ficou radiante. Depois, quando disse que nasceria no mês seguinte, ele ficou olhando para a estante, completamente sem reação”, lembra Lana.
Arthur contou que não via a hora de contar a grande novidade para todo mundo.
“Tem coisas que a gente controla, coisas que a gente influencia, outras que a gente determina. Mas tem umas coisas que não, que simplesmente acontecem”, disse ele.
“Estávamos calmos, eu estava trabalhando, a Lana estava em um treinamento de como era o processo, por onde ela entrava no hospital e tudo mais. Ela voltou para casa e a bolsa rompeu. No hospital, tinha grávida de seis meses com a barriga maior que a dela”, disse o pai.
Os médicos explicaram ao casal que, como Lana não tinha dilatação suficiente para realizar o parto normal, era preciso fazer uma cesárea. Segundo eles, em questão de 10 minutos o bebê saiu.
“Gabriel nasceu na mesma maternidade que eu nasci em Curitiba. Ele tem os olhos do pai e a boca da mãe”, lembrou Arthur.
“Era para ser”
No final do ano passado, os dois queriam comprar uma nova casa. Durante a pesquisa de imóveis, sempre buscavam aquela que tivesse um quarto a mais.
“Queríamos um escritório junto com o estúdio de música. Compramos a casa e nunca conseguimos ajeitar direito, parecia que na verdade não era para ser lugar disso, mas sim o quartinho do nosso filho”, contou o pai.
Outra coincidência, ou destino, foi na compra do carro. Arthur queria um carro hatch – compacto, esportivo – mas tudo o levava à compra de um sedan.
“No fim, comprei mesmo um carro grande, com muito porta-malas. Ainda brinquei com a Lana: ‘parece carro de família’. Deus devia estar assistindo nossa vida e comendo uma pipoquinha. Era para ser”, brincou Arthur.
Solidariedade
Como eles só tiveram 19 dias para organizar tudo, contaram com a ajuda de muita gente. O casal disse que recebeu doações de todos os tipos, desde o berço, até banheira e carrinho de bebê.
“Foi um ‘enxoval express’. O bebê não tem roupinhas de marca conhecida ou móveis combinando, mas tem o que importa que é o amor. Estamos vivendo esse momento”, relatou Lana.
Eles ainda realizaram um chá de bebê, mas como foi dentro de um bar, batizaram de chá de beber. A intenção do evento era justamente arrecadar dinheiro para ajudar nos custos com a chegada do novo integrante.
“Cerca de 200 pessoas foram convidadas. Tudo foi bem colaborativo, alguns amigos venderam cookies, brigadeiros. O dono do estabelecimento disponibilizou doses de shots, com o valor revertido para nós. Somos muito abençoados”, disse o pai.
“É tanta gente bacana ao nosso redor. Lana teve a melhor gestação da história, não teve dor, não teve barrigão, estresse, desejo, náuseas, nada. Virei pai em 19 dias. Estou realizado e muito feliz”, concluiu Arthur.