Estudos investigam se coronavírus pode atravessar a placenta

Até o atual estágio da pandemia de coronavírus, recém-nascidos e bebês têm sido menos afetados pela Covid-19. No entanto, há uma corrida da classe médica e científica para descobrir se o vírus pode chegar ao feto dentro do útero. Dois novos estudos publicados pelo Jama, Journal of the American Medical Association, nos Estados Unidos, indicam a presença de anticorpos em recém-nascidos que reconheceram o coronavírus, indicando que ele pode ter rompido a barreira da placenta. Os estudos encontraram alto índice do anticorpo imunoglobulina G, conhecido por ser transportado de mãe para filho por meio da placenta. Em três recém-nascidos foi detectada a presença do anticorpo imunoglobulina M, que reconheceu o coronavírus.

Mulheres grávidas estão mais suscetíveis às infecções respiratórias, como a influenza, acarretando complicações para elas e seus bebês. Sobre o coronavírus, não há certeza de nada. “Essa é uma questão em aberto”, disse Christina Chambers, epidemiologista da Universidade da Califórnia, em uma entrevista ao New York Times. Além de não ser claro se o vírus atinge o feto, não se sabe se causaria implicações na formação do bebê.

A placenta tem como uma de suas funções bloquear vírus e bactérias que poderiam atingir o feto, além de permitir que anticorpos da mãe criem uma proteção contra germes antes e depois do nascimento. São raríssimas as viroses que conseguem romper essa barreira, caso do Zika, que pode causar danos neurológicos e microcefalia. Muitos médicos sugerem que o coronavírus parece não pertencer à categoria daqueles que conseguem ultrapassar, pois não aumentou índice de abortos espontâneos e nascimentos prematuros em gestantes que testaram positivo. Um estudo feito em Wuhan, na China, e publicado pelo The Lancet, mostrou que o coronavírus não foi transmitido das mães grávidas para os bebês.

Estudos similares estão sendo capitaneados pela Universidade da Califórnia, Harvard e Cedars-Sinai Hospital, de Los Angeles. Os médicos irão acompanhar as gestantes contaminadas pela Covid-19, rastrear as crianças do nascimento à amamentação até atingir a idade de um ano. Assim, como uma análise cuidadosa e por um período mais longo, a resposta se afeta ou não — e em quais condições — será mais precisa.

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