Mãe que queria abortar filho com Down ganha processo porque o hospital não identificou a síndrome

Quando soube que seu filho, Aleksander, nasceu com Síndrome de Down, a polonesa Edyta Mordel decidiu processar o hospital Royal Berkshire NHS Foundation Trust, no Reino Unido, por não ter detectado a condição da criança, antes do nascimento em 2015. Segundo informações da BBC, caso ela e seu parceiro, Lukasz Cieciura, soubessem dessa alteração genética, eles teriam abortado. Após ouvir as reclamações da mãe, o juiz Jay decidiu ao seu favor.

Por não identificar a condição do bebê durante a gestão, o hospital irá pagar uma indenização para o casal, o valor ainda não foi revelado. A mãe diz que não queria que seu filho sofresse como as crianças com Síndrome de Down sofrem.

Mordel chegou a pedir um exame para detectar a síndrome. No entanto, o Royal Berkshire NHS Foundation Trust alegou que a mãe se recusou a fazer o teste posteriormente e, por isso, ele não foi realizado.

Para o juiz, a recusa da mãe ocorreu por uma falha de comunicação, porque ela não entendeu como seria realizado o procedimento. Segundo Jay, a instituição deveria ter questionado a mãe, já que ela mostrou interesse em fazer o exame antes. Mordel havia agendado todos os testes, incluindo o de Down em uma consulta anterior.

O juiz afirma que seu julgamento não deve ser interpretado como uma “chancela” para que crianças com síndrome de Down sejam vistas como indesejáveis. Em sua visão, os exames para detectar essa alteração genética é um direito da gestante.

Mesmo após o diagnóstico, Mordel e seu parceiro, Lukasz Cieciura, disseram que irão buscar dar o melhor tratamento para seu filho.

Aborto no Reino Unido

O aborto no Reino Unido – com exceção da Irlanda do Norte – foi legalizado em 1967, com a assinatura do Abortion Act, um ato do Parlamento que passou a permitir o procedimento em hospitais e clínicas legalizadas. Na Inglaterra, na Escócia e no País de Gales, é permitido fazer um aborto até a 24ª semana de gestação. No entanto, 90% dos procedimentos são feitos, no máximo, até a 13ª semana. Na Inglaterra, na Escócia e no País de Gales, é permitido fazer um aborto até a 24ª semana de gestação. No entanto, 90% dos procedimentos são feitos, no máximo, até a 13ª semana.

No ultrassom morfológico realizado no primeiro trimestre, entre a 11ª e a 14ª semana, e no segundo, entre a 18ª e a 24ª, é possível detectar algumas síndromes, como a de Down. Mas há casos que o exame não detecta. No primeiro, tem índice de acerto de cerca de 70%. No segundo, quando o feto já está bem desenvolvido, com os contornos mais definidos, a confiabilidade chega a 90%, conforme o Colégio Brasileiro de Radiologia.