Andreia Carrasco, 43, sempre sonhou em ter uma família grande. Mas depois que Jessica, 21, nasceu, ela descobriu que não poderia gerar outro filho. “Quando tentei engravidar novamente, aos 32, depois de fazer vários exames, descobri a falência ovariana precoce, ou seja, menopausa precoce. Meu mundo desabou naquele momento”, lembra ela, em entrevista exclusiva à CRESCER. Andreia relatou sua história a CRESCER no início da gestação de Jessica e o caso viralizou. Agora, ela voltou para contar que o bebê, Rafael, nasceu.
Na época, ela, que vive em Mauá, região metropolitana de São Paulo, passou por vários tratamentos e especialistas em reprodução humana. Alguns anos depois, Andreia casou-se novamente com Rogério Carrasco, 46, que tinha o sonho de ser pai. Na época, Andreia decidiu tentar novamente. “Fiz tratamento com hormônios e outros medicamentos, mas sem sucesso. Com meu endométrio ruim, o embrião não consegue se fixar”, diz. “Até que, num dia, o médico falou que a única possibilidade de eu ter outro filho seria por barriga solidária. Minha filha, na hora em que ouviu isso, falou: ‘Mãe, vou ser sua barriga solidária. Você vai ter seu bebê e eu vou ter meu irmãozinho’. Chorei de emoção”, lembra. “Foi uma mistura de emoções. Foi amor e gratidão porque eu conheço a filha que eu tenho. Ela é um presente de Deus. É amorosa, bondosa, se solidariza com o próximo, doa sangue — já fez até
doação de óvulos. Ela é um ser humano incrível. Só sei amar”, derrete-se.
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A CHEGADA DE RAFINHA
Para a felicidade da mãe e da irmã, o bebê tão esperando, que recebeu o nome de Rafael, chegou no dia 18 de julho. A pedido da CRESCER, Andrea fez um breve relato de como foi a chegada dele.
“Meu nome é Andreia Carrasco, sou mãe novamente e quem foi a minha barriga solidária foi a minha filha, Jéssica, de 22 anos. Aqui um pequeno resumo do nascimento do amor das nossas vidas. Até às 33 semanas, a gestação foi tranquila, mas com 34, tivemos um grande susto. A Jéssica teve muitas contrações e a perda do tampão mucoso. Com isso, começou a ter dilatação. A médica resolveu interná-la para tentar inibir o parto prematuro. Foram três dias tomando as injeções para fortalecer o pulmão do Rafinha, caso o parto fosse inevitável. A dilatação não avançou mais, porém, ela continuou tendo muitas contrações, principalmente durante a madrugada. Com 37 semanas, um ultrassom revelou que o líquido amniótico estava baixo, mas o médico disse que era normal. Fomos para casa e a Jéssica começou a ter muita diarréia, seguida de contrações muito fortes. A essa altura, o líquido tinha diminuído ainda mais e o médico optou por internar. O parto seria na manhã do dia seguinte. Às 6h da manhã, ela foi levada para o centro cirúrgico e passou por uma cesárea de emergência. Graças a Deus e aos médicos, o Rafael nasceu no dia 18 de julho às 7h, com 48 cm e 3.655kg, com 38 semanas exatas, saudável, lindo. Nem conseguia acreditar no que estava acontecendo. Eu, como mãe da Jéssica e do Rafael, estava com um misto de sentimentos: felicidade, ansiedade e medo, muito medo mesmo. Eu nunca senti tanto medo em minha vida. Medo de acontecer algo com a Jéssica ou com o Rafinha ou com ambos. Mas deu tudo certo! Rafinha fez o maior sucesso. Todos queriam vê-lo e nos conhecer. Fomos o primeiro caso de barriga solidária no hospital. Tivemos alta no dia 20 e fomos para casa. Nos primeiros dias, eu estava com um filho bebezinho e uma filha com cesárea, tive medo de não conseguir dar conta, de não saber alimentar o Rafinha, afinal, eu nunca tinha dado fórmula para um bebê — sim, o Rafinha toma formula desde o nascimento. Tinha medo de dar muito leite ou pouco leite, mas com o passar dos dias, fui me acostumando com a rotina e está indo tudo bem. Cuidei o máximo que pude da Jéssica para que ela não tivesse nenhum problema na recuperação, e ela está ótima. Apesar de ser bem cansativo, estou simplesmente maravilhada com o nascimento dele. Foi tão esperado e agora está aqui, que sonho! Rafinha é um bebê que não gosta de dormir, é bem esperto, passa o dia todo acordado e observando tudo. À noite, acorda de duas a três vezes e, mesmo cansada e com sono, quando chego no berço e olho, ele dá aquele sorrisinho lindo — é como se minhas forças fossem renovadas a cada amanhecer. É um amor inexplicável. E a minha filha, a Jéssica, é a melhor pessoa do mundo! Que ser humano incrível, que filha maravilhosa que eu tenho! Depois do nascimento do Rafinha, ficamos ainda mais unidas, se é que isso é possível (risos). E não, a Jéssica não se sente mãe do Rafinha, ela é irmã dele. Ela sempre teve os sentimentos muito bem definidos e esclarecidos, desde o início de todo o processo da barriga solidária.”
Sobre a filha ter sido sua barriga solidária, Andrea admite: “Muitas pessoas acham um gesto nobre, outros criticam e falam coisas absurdas”. E revela: “No momento, Jessica não pensa em ter filhos dela. Talvez, num futuro bem distante. Ela quer terminar a faculdade, fazer pós graduação e viajar para fora do país. O amor vence barreiras. Rafinha vai completar 3 meses dia 18 e está super saudável e se desenvolvedo muito bem. A Jéssica está linda e maravilhosa, como sempre. Uma linda história de amor incondicional, com um final super feliz”.