Adolescente fugiu após o envenenamento, mas depois resolveu se entregar. Possível motivação foi o não consentimento de relacionamento da filha, disse a mãe.
“Ela disse para a tia dela que não se arrepende, ela é uma pessoa muito fria”. Essa foi a definição da mãe da adolescente de 16 anos que envenenou a própria família na região do Lago Grande, em Santarém, no oeste do Pará. O caso aconteceu na noite de sábado e ganhou repercussão no Dia das Mães, celebrado no domingo.
As pessoas da mesma família, sendo a mãe de 43 anos, três irmãos de 7, 10 e 12 anos e um primo de 2 anos da adolescente foram envenenados após tomarem suco.
Envenenamento
Quatro crianças de 2, 7, 10 e 12 anos e uma mulher de 43 anos foram vítimas de envenenamento por chumbinho em Santarém, no oeste do Pará. O caso aconteceu na comunidade Curuai, na região do Lago Grande, na noite de sábado (9) e a família foi resgatada por equipes no Samu neste domingo (10).
Das quatro crianças, três são filhos da mulher que também foi envenenada. Conforme o pai à equipe de resgate, a filha de 16 anos teria colocado o veneno em um bolo e suco servidos à família.
Após fazer o atendimento, o enfermeiro constatou que a família havia sido vítima de envenenamento por chumbinho. Ele entrou em contato com a central do Samu em Santarém e pediu resgate em caráter de urgência.
A transferência para o centro da cidade foi feito por lancha na tarde deste domingo. “É uma situação delicada e muito grave, eles estão todos desidratados, vomitaram bastante. Lá, iniciaram a hidratação e eles estabilizaram”, informou o coordenador do Samu, enfermeiro Joziel Colares.
Ainda na noite de sábado, após a inserirem a alimentação, os quatro começaram a sentir mal estar, principalmente tontura e vômito. Horas depois o quadro clínico se agravou e os quatro foram levados ao posto de saúde da comunidade.
Conforme a mãe da adolescente, Simone Leal Galúcio, no fim da tarde de sábado a filha preparou dois bolos e suco para a família comemorar o Dia das Mães e os serviu antes do jantar. Apesar de não estar com fome, a adolescente insistiu que a mãe tomasse o suco.
“Ela me chamou e disse para tomar o suco. Nisso, eu abri a geladeira, peguei a jarra, coloquei no copo e tomei. Também dei aos outros meus filhos, e eles entraram para assistir televisão”, contou.
Passados alguns minutos, o marido de Simone foi para dentro da casa e percebeu que uma das filhas estava desmaiada. Ele saiu e chamou a mãe das crianças e pediu para que ela pegasse uma bermuda para ele trocar de roupa e levar a criança para o posto médico.
“Eu peguei a bermuda e nem cheguei a entregar a bermuda para ele. Eu desmaiei”, disse.
Tanto a mãe quanto as crianças foram levadas para o posto médico. Eles apresentaram vômito e náuseas, e chegaram a ser hidratados com soro antes da transferência para o Hospital Municipal Alberto Tolentino Sotelo, no domingo.
“Estava tudo envenenado, a sorte é que não comemos os bolos. Eu como mãe me sinto muito triste. No dia das mães aconteceu isso. Eu não esperava ver meus filhos praticamente mortos pela própria irmã. Ela vai ter que pagar o que ela fez, eu não volto atrás”, entre lágrimas, completou Simone.
A fuga, motivação e entrega
Logo após ter dado o suco e a família passado mal, a adolescente fugiu de casa. Horas depois, ela entrou em contato com a família e resolveu se entregar no posto policial. Mas, por ser menor de idade, uma tia ficou responsável em levá-la para a 16ª Seccional de Polícia Civil.
Segundo os pais, a motivação para que a adolescente colocasse veneno na bebida foi a não permissão para que ela namorasse outro adolescente de 17 anos.
Quadro clínico
Em nota, o Hospital Municipal Dr. Alberto Tolentino Sotelo (HMS) informou que recebeu cinco pessoas de uma mesma família com sintomas de envenenamento. O médico plantonista avaliou as quatro crianças e a mãe.
Os pacientes passaram por exame, estão recebendo medicação e estão em observação continua. As crianças estão na emergência pediátrica e a mãe na enfermaria. Todos estão com quadro clínico estável.
O setor de psicologia do HMS acionou o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdca) para acompanhar o caso.