Por que os bebês gostam de nascer à noite ou de madrugada?

Muitos relatos de parto têm uma característica em comum: a bolsa estoura ou as contrações começam a ficar intensas no meio da noite ou nas primeiras horas da manhã, bem cedinho. Aconteceu com você?

Um estudo feito em 2018 por pesquisadores da Universidade de Londres aponta que mais da metade dos nascimentos ocorre entre 1h e 7h da manhã, com um pico às 4h. O dado considera apenas trabalhos de parto com início espontâneo, não incluindo, portanto, induções ou cesáreas agendadas.

De acordo com o principal autor da pesquisa, Peter Martin, do Instituto de Epidemiologia e Saúde da UCL, a tendência pode fazer parte de nossa herança evolutiva. “Nossos ancestrais viviam em grupos que eram ativos e dispersos durante o dia e se reuniam para descansar à noite. O trabalho de parto e parto à noite provavelmente proporcionavam à mãe e ao bebê recém-nascido alguma proteção”, diz o especialista.

Além disso, há fatores hormonais que influenciam o trabalho de parto, e que são afetados também pela luminosidade e pela sensação de segurança e intimidade que a maioria de nós tem no fim do dia.

“Fisiologicamente, os hormônios envolvidos no nascimento são liberados das partes mais profundas e primordiais do nosso cérebro. Assim, da mesma maneira que um gato ou cachorro, por exemplo, se esconde debaixo da cama ou de um armário para dar à luz em particular e protegidos, os humanos não são diferentes”, explica a doula e instrutora de hipnoterapia Lala Langtry-White, em entrevista ao jornal The National, dos Emirados Árabes Unidos.

O início do trabalho de parto também está diretamente ligado à produção da ocitocina, também conhecida como “hormônio do amor”. É ela a responsável pelas contrações uterinas, e é excretada principalmente quando a mulher se sente segura e relaxada. “A noite, quando está escuro, pode facilitar a criação de um ambiente mais calmo”, explica a parteira Dru Campbell, da HealthBay Polyclinic, em Dubai.

Isso explica também porque qualquer “ameaça” ou sensação de insegurança pode paralisar o trabalho de parto. “A adrenalina e o cortisol, nossos hormônios de luta ou fuga, podem fazer com que o trabalho de parto desacelere ou pare, porque o corpo entende que há uma ameaça à mão ou ao bebê”. Por isso, independente do horário do parto, um ambiente tranquilo e acolhedor pode contribuir – e muito – para o desenrolar de um parto sem intervenções.

Créditos: Revista Crescer