‘Ele acabou com a minha família’, diz mulher que perdeu mãe e filhos

Abalada com a perda da mãe e dos dois únicos filhos, de 5 e 7 anos, atropelados na noite de quinta-feira, em Sulacap, Thamires Moura Silva, de 27 anos, disse que seu único pedido nesse momento é que o atropelador seja identificado e punido. Os familiares não conseguiram liberar nesta manhã os corpos da idosa Míriam de Moura, de 60 anos, e dos netos, que foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande, na Zona Oeste. Com isso, o sepultamento está programado para acontecer na manhã deste sábado, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte da cidade.

— Peço justiça. Ele (o atropelador) acabou com a minha família. Nenhuma dor vai trazê-los de volta, mas queria que houvesse punição para esse atropelador, pois da mesma forma que fez comigo vai fazer com outros — desabafou Thamires, que precisou ser amparada por parentes e amigos.

Veja também: Mãe de bebê de 3 meses que morreu atropelada fala sobre a perda e revela que não quer mais voltar para casa

Ela contou que a rotina dos meninos Raphael, de 5 anos, e Kaio, de 7, era ir a escola, as aulas de reforço com uma explicadora, durante o dia, e as aulas de judô, à noite. Nesta quinta-feira, os dois saíram direito da explicadora para o culto na igreja messiânica do bairro, em companhia da avó Miriam. Os três foram atropelados quando voltavam para casa e estavam na Estrada do Catonho, a dez minutos de distância da residência.

Thamires contou que, no momento do acidente, estava saindo de Olinda, em Nilópolis, em direção à casa da mãe, para onde se mudou com os meninos, há cerca de um ano, desde que se separou do ex-marido. No caminho, ela estranhou ao receber um telefonema pedindo para que voltasse para a Baixada Fluminense. O atropelador fugiu.

— Como já era muito tarde, imaginei logo o pior e que poderia ser algo envolvendo a minha mãe e meus filhos. Quando cheguei, me disseram o que tinha acontecido.

Pela manhã, Thamires publicou no seu perfil do Facebook um vídeo com uma colagem de fotos dos meninos e da mãe. Como música de fundo ela utilizou a canção “Espera eu chegar”, de MC Kevin, cuja letra sobre a perda de uma pessoa querida diz: “Que mundo é esse tão cruel que a gente vive / A covardia superando a pureza”. Ela contou que era uma das preferidas das crianças.

— Meus filhos eram crianças levadas, como é comum nessa idade, mas eram muito queridos por todos. Gostavam muito de cantar, de dançar e não cansavam de repetir que me amavam — contou, emocionada.

Miriam, mãe de Thamires, completaria 61 anos no próximo dia 28. A filha contou que estava preparando uma surpresa para comemorar a data. A polícia ainda não sabe se os três andavam na calçada ou tentavam atravessar a rua na hora do acidente.

Moradores se queixam de que os motoristas passam em alta velocidade pela estrada, cujo limite de velocidade é 70 km/h, e fizeram um protesto nesta manhã pedindo segurança para a via. A Secretaria de Conservação e a CET-Rio informaram que iriam ao local. A Seconserva para averiguar o asfalto, e a CET-Rio para verificar a possibilidade de instalação de radares e sinais de trânsito.

O atropelamento foi registrado na 33ª DP (Realengo). A Polícia Civil informou que diligências estão em andamento em busca de testemunhas e imagens que possam ajudar na solução do caso.

Leia também: